Dienstag, 14. August 2007

O TEMPO EM SOLO - SOLO PARA MUITOS





“Trânsitos” – a primeira composição solo, estreou em 1987, no Porto de Elis, em Porto Alegre, e foi parte da trilogia TREACTUS, que fez temporada no Espaço OFF de São Paulo, além de apresentar-se em Porto Alegre, Rio de Janeiro e várias cidades do sul do país, nos anos de 1987/88. Foi a primeira coreografia de Daggi Dornelles apresentada na Alemanha, em 1989 e, posteriormente, Itália, Áustria e Espanha, onde foi remontada como dueto para a Companhia de Carmen Senra, Madrid.

“Rosa dos ventres” – solo criado em 2000 para o Festival “o melhor solo alemão”, idealizado por Alan Platel, na cidade de Leipzig. A seleção e o convite de participação vieram em um momento em que a bailarina escolhia afastar-se dos palcos e dedicar-se exclusivamente aos estudos de performance em ambiente urbano.
A grande mesa redonda, que é palco do festival, foi trocada pelas ruas de Berlin, e o trabalho permaneceu sem apresentações públicas. Teve sua estréia em julho último, sete anos após a primeira composição, como parte do programa de “O Tempo em Solo”, no Instituto Goethe de Porto Alegre.

Artistas convidados: Camila Mello, Janaína Jorge, Luciana Paludo, Igor Pretto, Fernanda Carvalho Leite, Regina Rossi, Fernanda Santos, Ricardo Gregianin, Luciano Tavares, Letícia Paranhos, Elke Siedler, Janaína Martins Nocchi.

Para os delicados sons: Max Nagl e Christoph.

Colaboradores: Frank Jeske, Zé Benetti, Ricardo Lima, Felipe Vieira, Maristela Schmidt, Manu, Laércio, Felipe Aristimuno, Cibele Donato dos Reis e ainda tantos que ajudaram a divulgar e muitas outras pequenas funções preciosas.

Fotos: Frank Jeske

flores urbanas – idéia de um núcleo de ações multidisciplinares, lançada por Daggi Dornelles, em agosto de 2003. “Sempre me solicitam que defina flores urbanas. Não sei por onde ir: para as pessoas, ou uma coisa é grupo, ou escola, ou associação, ou o que quer que seja e que já esteja em uma gaveta, ou prestes a acomodar-se em alguma.

Pois bem, recorram ao dicionário, os termos separados e, depois, juntem tudo e façam um jardim; um jardim de corpos humanos. Flores que observam, consideram, refletem e agem a partir do tempo/espaço de um presente e suas urgências. Dizem que as plantas têm esta sabedoria mais apurada do que os humanos. Então, somos corpos com desejo de construir algum presente impregnado da sabedoria das plantas. E florescemos, aqui e ali, em rebentos da carne sobre o solo estéril do cimento urbano.




Trechos de críticas

“... Dagmar Dornelles, sem dúvida alguma, a figura mais emocionante de todo o grupo, pela intimidade e interpretação com que vivencia cada momento da coreografia.” (Antônio Hohlfledt, Humana Relação de Eva Schul, Porto Alegre, 1980.)

“...um encantador e enigmático teatro de dança... duas mulheres que deixam seus elementos contraditórios se desvendarem, desde a infância até a velhice... Elas subvertem partes do caminho de seus movimentos de ballet com gestos rebeldes e banais, conseguindo cenas belas e marcantes...” (Barbara Bückmann, Kölner Stadt-Anzeiger, Alemanha, 1989, “das que moram em mim”, de Daggi Dornelles e Sônia Mota.)

“Voltado para um ponto entre o Teatro e a Dança, o trabalho de Dagmar tem um compromisso com a poesia, a vida, o momento de beleza e, sobretudo, com a verdade...” (Simone Saueressig, Jornal NH, 1991, reflexos de um verbo irregular – solo – e fragmentos do coração – criado para a SEMEA Cia. De Dança.)

“... tudo está no corpo da bailarina e nos caminhos que ela percorre pelo palco... O corpo de Dornelles fala de sua arte, construída como ele, por um treinamento exaustivo, minuciosamente esmiuçado com obstinação.” (Cássia Navas, 1993, sobre “reflexos de um verbo irregular” no Olhar Contemporâneo da Dança – Rio.)

“A contrastante noite encerrou com a apresentação da brasileira Dagmar Dornelles... A solista, de expressão muito forte, conquista o público por um acoplamento de fragilidade e mágoa, de um lado, e de energia e força mental, de outro, numa motricidade reduzida combinada a um forte caráter e absolutamente bem focalizados gestos dançados.” ( Augsburger Allgemeine, 1997, “A Casa da Paixão, de Dagmar Dornelles.)

“A emoção contida e transmitida por esse tracejado‑traçado na dança de Daggi Dornelles conduzem‑nos aos limites do imaginário e fazem‑nos perguntar sobre sua natureza, suas bordas e sobre suas fendas...
... Sentimos que entre a urbanidade claudicante desse mundo de objetos e aquele do movimento da matéria corpórea, surgem dúvidas, pesos, dores, cheiros, asperezas, repulsas. Mas como não perceber, nem que só fosse pela designação decidida da cor branca, o vigoroso desejo do estabelecimento de um contato humano que sequer reparador por vezes, efetivamente criador, por outras, nesta fusão‑confusão de um tecido, posto pelo GESTO, e que, definitivamente, aposta na emergência de uma nova dança‑prosa do mundo.” (Extraído do texto “Daggi e o espaço ocupado pela movência-resistência da dança no, com e pelo objeto”, 2004, Dra. Maria Carolina dos Santos Rocha – UFRGS, Brasil e Ecole Speciale d architecture, Paris.)

... “seu trabalho exige princípios alargados de concepção do ser, estar e criar no fluxo do presente; concentra-se na relação entre sujeitos que compartilham de um tempo/espaço, extraindo conhecimentos, provocando percepções e fecundando posturas ético-estéticas.” (Rosana Krug, artista plástica e professora – FEEVALE, sobre “o passar em branco – poemas urbanos, 2004.)




Montag, 13. August 2007

informações


Daggi Dornelles – começou a dançar nos anos 70, após um período de atividade como atriz, na região da Grande Porto Alegre. Transferiu-se para São Paulo em 1980, onde aprofundou seus estudos e trabalhou com personalidades significativas da cena brasileira, além de iniciar uma longa parceria com a bailarina Sônia Mota, fato que a levou a transferir-se para a Alemanha, em 1989, onde viveu durante 14 anos.


Neste período, trabalhou como professora, bailarina e assistente de diversas produções, além da composição de trabalhos solo, e residências de estudo na Folkwang Hochschule-Essen, incluindo a concessão da Bolsa Virtuose, do MinC, em 1999/2000.


Concluída esta residência, passou a dedicar-se a ações de arte para a cidade, que resultaram em seu projeto “o passar em branco – poemas urbanos”, contemplado no Brasil com a Bolsa VITAE de Artes 2003/2004.